21.11.08

Pinóquio por Guillermo del toro

Miúdos, o vosso Pinóquio é este

Um boneco de madeira não é um fauno. Mas anda e fala e cresce-lhe o nariz se mente. Um boneco de madeira não é um super-herói demolidor. Mas partiu o coração a um velho carpinteiro. Um boneco de madeira, nas mãos de Guillermo Del Toro, como será?

Ele já fez O Labirinto de Fauno e já conquistou o mundo. Mas desta não estávamos à espera: Guillermo Del Toro vai escrever a versão negra de Pinóquio. Lembram-se da personagem: um boneco de madeira construído pelo velho carpinteiro Gepeto, que ganha vida por obra e graça de uma fada azul, que quer ser um menino como os outros e que foge, metendo-se nas mais diversas alhadas.


O grilo falante que nos dá a notícia é a Variety, que coloca ainda Del Toro como produtor executivo do projecto dos estúdios Jim Henson, responsáveis, entre outros, pelos Marretas. Gris Grimly, que já tinha, em 2002, trabalhado a personagem em ilustração (na imagem à esquerda), está a escrever o argumento com o cineasta mexicano. Este, apesar de a nova animação passar muito pelas suas mãos, não deverá sentar-se na cadeira do realizador. Esse lugar será do estreante Adam Parrish King.

A história do conhecido boneco de madeira andante foi escrita pelo florentino Carlo Collodi, que a foi publicando no Giornale per i bambini – o primeiro periódico italiano escrito para crianças. O título original era Storia di un burattino (História de um boneco). Foram 36 capítulos, dos quais os últimos vinte já com o nome da fama – As Aventuras de Pinóquio.

Estávamos na década de 80 do século XIX. Collodi era o pseudónimo de um outro Carlo, jornalista, que assinava Lorenzini. Este acabaria por desaparecer em 1890, mas o primeiro ficaria para a posteridade. A primeira editora a pegar no livro foi a Felice Paggi, em 1883, acrescentando-lhe as ilustrações de Enrico Mazzanti (ao lado). Mas a imagem que levou o boneco de madeira a todo o mundo ainda demoraria umas décadas a chegar.

Em 1940, os estúdios de Walt Disney levam As Aventuras de Pinóquio para as salas de cinema. Como resultado, além da aclamação do público e da crítica, a recriação de Disney tomaria de assalto o imaginário de graúdos, de miúdos e de vindouros. Hoje, quando nos falam de Pinóquio, a representação de que dispomos é essa (ao lado). E a história já foi adaptada por diversas vezes.

Guillermo Del Toro vai optar por uma abordagem diferente. Tecnicamente mesmo: o filme vai ser realizado em stop motion, tal como O Estranho Mundo de Jack, de Tim Burton e Henry Selick, agora a comemorar o 15.º aniversário com edições especiais em DVD. Em Portugal, lembra a Lusa, a técnica foi utilizada em A suspeita, de José Miguel Ribeiro.

O realizador mexicano está em alta rotação. Depois de O Labirinto do Fauno, que valeu, entre outros prémios, três Óscares, três BAFTA e a nomeação para a Palma de Ouro em Cannes (e o principal galardão do Fantasporto, em 2007), depois de Hellboy, Del Toro prepara dois filmes para The Hobbit, a partir dos livros de J.R.R. Tolkien, visando o êxito retumbante da trilogia de O Senhor dos Anéis. Como produtor, tem três projectos nos cinemas e mais sete previstos só para os próximos dois anos, entre os quais um de Alfonso Cuarón, ainda sem título.

A nova versão de Pinóquio só deverá chegar às salas de cinema dentro de três anos.

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