10.12.08

cinemateca em braga


Braga aproveita a boleia do Porto e avança com uma petição por pólo da Cinemateca
09.12.2008, Patrícia Carvalho


Petição já está on-line e deverá estar disponível para receber assinaturas a partir de hoje também em espaços da cidade, como a livraria 100.ª Página ou a Velha-a-Branca


Um grupo de cidadãos de Braga quer que a cidade tenha direito a receber "um pólo ou subpólo" da Cinemateca, onde serão exibidas "obras antigas e filmes contemporâneos fora dos circuitos comerciais". Com este objectivo, foi colocada uma petição on-line, que deverá estar disponível para receber assinaturas já hoje. O documento estará também disponível em alguns pontos da cidade.A ideia partiu de Manuel Caldeira Cabral, professor de Economia da Universidade do Minho (UM).

Um apaixonado pelo cinema, ouviu com agrado o anúncio da instalação de um pólo da Cinemateca no Porto, e questionou-se: e porque não em Braga? "Neste momento, está a pensar-se descentralizar a Cinemateca para o Norte, numa medida que aplaudimos, mas se estão previstas três salas para o Porto, porque não considerar uma sala em Braga? Em vez de três salas com dois quilómetros de distância, teríamos uma a cerca de 50, para um outro público", defende. O facto de a proposta para o Porto não estar fechada é vista como uma oportunidade para ainda incluir Braga na "descentralização" da Cinemateca. A forma como Caldeira Cabral vê o projecto implicaria "pouco investimento", diz, e parece simples. "A nossa perspectiva é termos um espaço de mera exibição regular, onde possam ser vistos os filmes exibidos nos ciclos do Porto, ou até de Lisboa", explica o professor. Espaços na cidade, garante, não faltam, já que "há vários cinemas em Braga que estão desactivados". Antes de colocar a petição on-line, o trabalho de Manuel Caldeira Cabral cingiu-se, sobretudo, à recolha de apoios no meio universitário e cultural da cidade. Por isso, na lista de subscritores constam, entre outros, o ex-governador civil Pedro Bacelar de Vasconcelos, o músico Adolfo Luxúria Canibal, Sofia Afonso, da livraria 100.ª Página, ou Luís Tarroso, do estaleiro cultural Velha-a-Branca. O espaço da Velha-a-Branca é dos poucos na cidade de Braga onde ainda se pode ver cinema alternativo e Luís Tarroso diz que a falta de alternativas não é boa. "Braga, infelizmente, tem uma cultura muito intermitente e isso é mau para criar públicos. O cinema é como tudo, havendo, cria--se público. Não havendo iniciativas regulares é muito difícil", assinala. Para ele, o esboço traçado para o pólo do Porto é estranho - "parece-me que é complicar o que é simples, não sei se com a intenção de baralhar tudo e dizer depois que as coisas não se fazem porque os tipos do Porto não se entendem" -, mas defende que oimportante "é descentralizar". E, antecipando possíveis críticas ao facto de outras cidades virem a fazer a mesma exigência, defende: "Isso não devia ser um problema porque esse é o objectivo da Cinemateca. A Cinemateca devia estar representada pelo menos no Porto, seguramente em todos os distritos do país, e não obrigar quem quer ver cinema de qualidade a ir a Lisboa".


A petição está disponível em www.petitiononline.com/cinemate/petition.html. A partir de hoje deverá estar também na UM, na 100.ª Página e na Velha-a-Branca.


in: jornal público

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